sábado, 13 de fevereiro de 2021

Em Portugal ZERO para o Desporto e o associativismo


O programa de resiliência e recuperação económica dispensa ao desporto no país uma importância próxima do zero. O Governo da República, apesar das insistências e alertas dos especialistas, mantém uma indiferença total às necessidades de clubes e associações desportivas, muitas quase em colapso. Para o desporto, designadamente para a formação, não há programas específicos de apoio.

Perante a inexistência de políticas nacionais que ajudem o associativismo desportivo a enfrentar os graves problemas com que se confrontam as associações desportivas sem fins lucrativos, espera-se das autarquias que, mais conhecedoras das realidades locais, avancem com programas específicos de apoio às associações locais no sentido de evitar que colapsem com esta crise e se preparem para a retoma de atividades, logo que a situação pandémica o permita.
Neste contexto, as respostas das autarquias tem sido diversas, sendo que não se perceciona um padrão nestes programas de apoios aos clubes.
No País, há Câmaras Municipais que entenderam o momento que os clubes vivem e reconheceram as suas necessidades e as dos cidadãos utentes e praticantes, implementando programas de apoio que estão a suster os clubes, apoiando a criação de condições para a retoma das atividades, retoma tão necessária à saúde e bem estar dos cidadãos, retoma tão necessária à grande e importante atividade económica associada ao desporto.
Andaram bem várias das Juntas de Freguesia da nossa região que, ao nível das possibilidades conferidas pela dimensão do seu orçamento, têm desenvolvido programas de apoio aos clubes e associações, merecedores de unânimes aplausos.
Diversa e contraditória tem sido a posição e atuação das Câmaras Municipais. Umas com apoios claros e mensuráveis. Outras nada de expressivo fazendo no plano de apoio às associações para enfrentar as dificuldades deste período. Outras aprovando programas que se traduzem em apoios simbólicos e sem qualquer expressão em face das necessidades concretas do momento.
A nossa região de Setúbal é um verdadeiro "laboratório de diversidade" quanto às práticas de apoio das Câmaras Municipais aos clubes. Dos apoios efetivos aos apoios simbólicos ou inexistentes, diversa é a prática regional. Que diversidade de políticas.
Almada anunciou, com pompa, a reserva de 200 000 euros para apoios específicos COVID às associações. Dinheiro que não foi usado pois foram apenas 26 000 euros, com apoios de 1 000 euros ou pouco mais por associação, na 1a. Fase de apoios, sendo que uma 2a. fase viria a ter números semelhantes embora ainda não divulgados.
A Confederação do Desporto de Portugal o Comité Olímpico de Portugal (com a palavra lúcida e conhecedora do seu Presidente, Dr. José Manuel Constantino, a ocupar páginas dos principais periódicos) e a Confederação das coletividades de Cultura, Recreio e Desporto, de entre outras, não se têm cansado se interpelar a Governação da República sobre a grave crise que vivemos, propondo a tomada de medidas que salvaguardem o desporto, a cultura, a saúde dos portugueses e a economia associada à atividade associativa.
Hoje o Secretário-geral do Comité Olímpico de Portugal, José Manuel Araújo, escreve sobre o momento, na Tribuna Expresso ( * artigo partilhado em comentário )
Que podem fazer os associativistas, os criadores, os desportistas, técnicos e dirigentes para que as nossas Câmaras implementem programas de efetivo apoio ao associativismo?
Que mais pode o movimento associativo fazer para que a governação municipal entenda o que se passa nas associações de cultura e desporto e implemente programas de efetivo apoio, da forma que tem sido seguida e bem, para outras áreas de atividade?
Como podemos contribuir para que o desporto e o movimento associativo tenham efetivamente mais peso político no seio da governação municipal?
A hora é de proposição. De fazer valer a voz do associativismo.
De dizer o que faz falta.