segunda-feira, 23 de novembro de 2020

Pista Municipal de Atletismo da Sobreda, Almada. 23 anos ao serviço do atletismo da região e do País.

 















Pista Municipal de Atletismo da Sobreda, Almada.

23 de Novembro de 1997 - 23 de Novembro de 2020

23 anos ao serviço do desenvolvimento do atletismo em Almada e no País.

Aplausos para os clubes, atletas e treinadores de Almada

Início dos Anos 90. Crescia em número e nível de organização o número de provas de atletismo em estrada. Um Troféu de corrida em estrada, com provas a pontuar para uma classificação final. Grande participação popular. Grandes dinamizadores, o maior dos quais foi o Mário Pinto Claro.

Da prática regular deste atletismo em estrada saíram grande atletas. De entre eles, um destaque e um aplauso para o Alberto Chaíça, que veio a ter um estatuto de nível mundial, como maratonista, hoje ainda ligado ao meio e a patrocinar um clube, no Serrado, Caparica.

O Núcleo Desportivo Juvenil do Laranjeiro, dirigido, desde a primeira hora, pelo José Armindo Bernardo, desenvolve, desde os anos 80, um excelente trabalho, com treinos, na altura, numa escola primária do Laranjeiro e outros espaços. Seriam deste clube – e de um outro, o CLAMO, Clube de atletismo do Monte da Caparica, dirigido pelo Professor Sebastião – os primeiros atletas a fazerem trabalho específico de pista, sem que esse equipamento desportivo existisse no distrito. Era necessária a Pista.

No União Raposense, o Jaime Almeida, faz um trabalho de enorme valia, com atletas provenientes, a maioria, dos bairros sociais do Monte de Caparica. No Monte K, Escola de Atletismo, o Jaime continua um trabalho de importância social e desportiva, de enorme valia.

Os Amigos de Atletismo da Charneca da Caparica têm também a sua génese associada ao Troféu de Atletismo, circuito de atletismo em estrada. Participaram nas corridas das primeiras edições e, para receberem o prémio, sugerimos, no princípio dos anos 90 que se… legalizassem. E assim surgiram os Amigos do Atletismo, desde a primeira hora orientado pela Madalena Mota, dirigente e treinadora. A Pista viria a permitir as primeiras especializações em disciplinas técnicas do atletismo.

Clube Pedro Pessoa, Escola de Atletismo, que chegou mais recentemente, enquanto clube, ao ambiente desportivo de Almada. Em pouco tempo constituiu-se como um robusto clube de formação e competição, dando ao concelho, à região e ao País, já alguns campeões. Dedicado, dirigente e treinador, é já incontornável no panorama do atletismo concelhio. Tem, na Pista a sua segunda casa, mas precisa rapidamente de uma pequena sede. Precisa e merece. É preciso apoiá-lo nesta sua necessidade.

Vários são ainda os clubes locais que desenvolvem um valioso trabalho de fomento da prática do atletismo e que merecem uma referência: O Clube de Atletismo dos Amigos do Parque da Paz, o CCD TACA (Autarquias de Almada), a Sfuap, a Incrível, o SUC, o Clube de Praças da Armada, Núcleo de Almada do Sporting Clube de Portugal, entre outros.

A todos eles, muito deve o nível a que chegou a prática do atletismo no concelho e na região.

 

Anos 90. Constatação, na Câmara Municipal, que importava dar o passo que faltava na criação de condições para o desenvolvimento técnico da modalidade, alcançado que estava já um número expressivo de praticantes de atletismo que, no entanto, não dispunham de condições de desenvolvimento que só uma pista propicia.
Há anos que estava prevista a construção da Pista Distrital, em Setúbal. Mas esse equipamento não surgia. Veio a surgir mais tarde, muito depois da Pista da Sobreda estar construída.

O executivo da Câmara de Almada avança então para essa construção. Uma Pista, classe B, no único terreno municipal disponível, na altura para receber um equipamento deste tipo, na Sobreda.

Tentámos projetar e construir uma pista de classe A, com 8 pistas. Veio a verificar-se que o único terreno municipal então disponível não a comportava. Ou era construída, no terreno disponível, ou não o seria tão depressa. A Presidente Maria Emília e eu próprio convictos, propõem ao executivo avançar para a obra. É construída uma pista de 6 corredores.  

Aqui uma justa referência ao Dr. Jorge Pedroso de Almeida, então Presidente do Instituto do Desporto, com quem era possível uma excelente relação pessoal e de trabalho, e que decidiu o financiamento por parte da Administração Central, com 50 000 contos.

 

Foi a primeira pista do distrito e a única em funcionamento neste momento. De muito boa construção, constituirá, porventura um caso invulgar de resistência a uma intensa utilização pois, embora já tenha tido uma reparação ao tartan, este tem-se mantido com uma notável funcionalidade. Lembrar que a Pista de Setúbal e a do Seixal, construídas bastante depois da Sobreda, estiveram inoperacionais durante bastante tempo, recuperando recentemente a sua plena funcionalidade.

A Pista da Sobreda veio melhorar as condições de treino dos clubes e atletas do concelho e também do distrito e elevar o nível do atletismo.

Até aparecer a pista Carla Sacramento, do Seixal, a de Almada recebia todos os dias dezenas de atletas dos clubes filiados na Associação de Atletismo de Setúbal, mas também de Lisboa, residentes na margem sul.

Hoje continua a receber diariamente largas dezenas de praticantes, dos clubes, das escolas, das faculdades, numa prática que convive diariamente com a prática do rugby e do basebol.

O Rugby, a modalidade que assumidamente, fez parte do conceito inicial deste equipamento, usou desde início o campo, primeiro através do Grupo Desportivo os Pescadores da Costa da Caparica e depois do S.L. Benfica, equipas que contaram com ampla participação de atletas do concelho e da região. O C. R. Sobredense e a Lifeshaker desenvolvem ali atualmente um importante trabalho na modalidade. A equipa feminina do S. L. Benfica tem continuado a fazer desta a sua casa. Uma referência para os "histórico" Carlos Moita e Vítor de Sousa e um aplauso para os atuais técnicos.

Registar ainda que tem aqui a "sua casa" os White Sharqs, clube de beisebol, que promove a formação e competição nesta modalidade, onde é figura primeira a nível nacional, a requerer já a criação de instalações específicas, projeto que a anterior administração municipal tinha em andamento e que importa recuperar. Este projeto e o Professor Fernando Lucas precisam e merecem.

Ainda e por último a utilização do relvado para concentrações de futebol/escolinhas e ainda para o uso transitório por parte de equipas de futebol local em limitados períodos.

 

O certo é que a Pista Municipal de Atletismo se tornou uma das mais utilizadas em Portugal, para treino, formação e competição para os nossos clubes e para os clubes da região.

Esta pequena síntese dá elucidativa conta pública do trabalho regular desenvolvido na Sobreda, Almada.

 

FORMAÇÃO:
Várias formações organizadas pela AAL (Associação de Atletismo de Lisboa), AsAS (Associação de Atletismo de Setúbal) e FPA (Federação Portuguesa da Atletismo).

CONCENTRAÇÕES/ESTÁGIOS:
Várias concentrações/estágios organizadas pela AAL, AsAS e FPA

COMPETIÇÕES:
Com organização do NDJL (Núcleo Desportivo Juvenil do Laranjeiro) e CMA (Câmara Municipal de Almada), foram realizados 5 Torneios de Jogos Desportivos da Cidade de Almada.

Com organização do NDJL e JFLF (Junta de Freguesia de Laranjeiro e Feijó), foram realizados 18 Torneios da Ética Desportiva, 13 Torneios de Jogos Desportivos de Laranjeiro e 4 Torneios Internacionais de Lançamentos de 2016 a 2019 (2020 não houve devido á pandemia), sendo que na sequência desta iniciativa no ano de 2017, alem do Torneio de Lançamentos houve uma formação para Treinadores e um estágio para as jovens promessas, também pela dinâmica desta iniciativa a FPA fez realizar em Almada em 2018 o Torneio de Lançamentos para Juniores e Esperanças entre Portugal, Espanha e Dinamarca, ainda neste torneio foram batidos vários recordes regionais e em 2018 um record nacional, no peso pela Jessica Inchude do SCP (Sporting Clube de Portugal) com a marca de 17,46 m.

Com organização do NDJL, JFLF, AACC (Amigos do Atletismo da Charneca de Caparica) e JFS (Junta de Freguesia de Sobreda) foram realizados  3 Torneios de Lançamentos entre 2000 e 2002, sendo que na sequência destas organizações a FPA fez realizar em Almada o Campeonato Nacional de Lançamentos Longos e em 2002 a mesma FPA realizou um Portugal e Espanha em Lançamentos.

Com organização do AACC e MKED (Monte Kapa Escola de Desporto) tem realizado vários duatlos para os escalões de formação, no qual o do AACC é integrado nas comemorações do 25 de Abril, e nos Jogos Desportivos da Charneca da Caparica, contando com o apoio da Junta de Freguesia.

Com organização do Desporto Escolar tem sido realizadas várias competições dos Megas Sprints, Provas de Preparação e Distritais Escolares.

Com organização da AsAS, tem sido realizadas muitas das suas Provas de Preparação assim como muitos Regionais de todos os escalões, ultimamente quase todo o calendário já que as pistas do Seixal e de Setúbal estão com problemas para utilização.

Com organização da FPA foram realizados dois Campeonatos Nacionais da 3ª divisão, alem dos torneios de Lançamentos já mencionados.



De 1998 a 2002, o Torneio de Atletismo Almada ComVida, que incluiu um Torneio de Pista, dirigido aos escalões de formação, trouxe alguns campeões à nossa pista e ao convívio com os mais novos grandes nomes do atletismo nacional. O programa “Um treino com” permitia o contacto dos atletas da formação com atletas do alto rendimento e com treinadores nacionais. Passaram neste programa, entre outros, Carlos Calado, gémeos Castro, Rui Silva, Júlio Cirino com Teresa Machado, Paulo Reis com Vânia Silva, os treinadores Miguel Lucas, Bernardo Manuel.

Ainda a registar as várias iniciativas de atletismo adaptado, para praticantes, portadores de deficiência, sinal da preocupação municipal com uma oferta diferenciada que possibilite a prática desta modalidade por todos os cidadãos

 

Grandes atletas aqui foram formados:

São vários os atletas formados em Almada, que realizavam parte dos seus treinos na Pista da Sobreda, nomeadamente o Arnaldo Abrantes, Carla Tavares, Carlos Silva, Dário Manso, Sílvia Cruz que se iniciaram no NDJL (Núcleo Desportivo Juvenil do Laranjeiro) e o Nelson Cruz atleta do CPPEA (Clube Pedro Pessoa Escola de Atletismo), para referir apenas alguns dos que alcançaram títulos nacionais, e o grupo de treino do Nelson Évora, Campeão Olímpico, e Naide Gomes, utentes habituais da Pista Municipal.

Fruto de um intenso e qualificado trabalho de fomento da prática do atletismo, vários são os atletas, que na Pista nasceram para o atletismo e adquiriram uma justa notoriedade pública, de que são exemplos: Artimiza Sá, Sabrina Sousa, Cátia Vitorino, Ricardo Martins, Daniela Vitorino, Diana Spencer, Márcio Horta, Tomás Gonçalves, Inês Diogo e João Oliveira, os quatros últimos já atletas internacionais. E ainda uma justa referência à Bárbara Neiva, “nascida” no Sport Almada e Figueirinhas e agora no Sporting Clube de Portugal.
Um destaque, justo pelo mérito que encerra, para o João Oliveira, que se encontra já no percurso de alta competição.

 

A ilustrar o resultado do trabalho de formação desenvolvidos pelos clubes de Almada nesta Pista, enuncia-se a lista de alguns campeões:

Carlos Ferreira – 7 records  infantis e iniciados (barreiras, vara e triatlo)

Jaqueline Silva -  7 records juvenis e juniores (dardo)

Daniela Vitorino – 6 records iniciadas, juvenis e juniores (vara)

Cátia Vitorino – 6 records juvenis, juniores e seniores (martelo)

Ricardo Martins – 6 records iniciados, juvenis e juniores (60-100-200m)

Tomás Gonçalves – 14 records iniciados, juvenis e juniores (Parte deles na pista de Almada - 250 – 200 – 300m)

E ainda Sara Mendes e Pedro Santos

 

Este texto irá manter-se em atualização permanente, pelo que receberá próximas contribuições, as quais completarão uma lista de que, justamente, o concelho de Almada se orgulha.

Incontornável é a referência aos treinadores de atletismo que aqui asseguraram a direção técnica dos processos de formação e treino:

Armindo Bernardo, Madalena Mota, Joaquim Neves, Jaime Almeida, Pedro Pessoa, Pedro Santos (Núcleo Sportinguista de Almada), Rui Santos e Carlos Cunha (Núcleo Desportivo Juvenil do Laranjeiro), e ainda João Ganso (com Nélson Évora), Elias Leal (dardo), Gustavo Ventura (cubano chegado a Portugal pela mão da FPA e que tem dado apoio aos melhores atletas nacionais e apoiou os atletas de Almada na área do peso e do dardo), Abreu Matos (com Naide Gomes)

Uma palavra de justo reconhecimento para as equipas técnicas municipais que, ao longo destes anos, asseguraram, em articulação com os clubes:

Paulo Mamede, Pedro Agostinho, Augusto Ramos, Pedro Monteiro, Adriano Santos, João Ferreira, Ludovina Santos,…

 

A Pista Municipal de atletismo da Sobreda, Almada, representa um grande passo em frente, na criação de condições para o desenvolvimento do atletismo no nosso concelho e constituiu um recurso que contribui decisivamente para o crescimento do atletismo na região de Setúbal e será, porventura, ainda hoje, uma das mais intensamente usadas em Portugal.

Almada, com os seus clubes, também aqui a contribuir para o desenvolvimento do desporto nacional.

Há mais estrada para andar. Claro que há.

 

António Matos, em colaboração com Armindo Bernardo e Madalena Mota

 

 

 

 

 

terça-feira, 29 de setembro de 2020

DESPORTO A RETOMAR ?OU AINDA A CONFINAR ? Do País à Região !


DESPORTO A RETOMAR ?
OU AINDA A CONFINAR ?
Do País à Região !

O Conselho de Ministro e a D.G. Saúde já fixaram as normas para a prática da educação física escolar e das modalidades desportivas, designadamente as modalidades de pavilhão.
No País e na nossa região as atividades desportivas outdoor e indoor, e em pavilhão, estão a ser retomadas, de forma controlada e em função das normas estabelecidas pela DGS. 
Esta retoma é fundamental para o reequilíbrio funcional fisiopsicológico dos jovens e das famílias e constitui um passo na procura da normalidade no funcionamento dos clubes, das suas equipas técnicas e no cumprimento dos planos de retoma da sustentabilidade das instituições.
Assim, e falando apenas da nossa região, verificamos que os equipamentos desportivos dos concelhos do Barreiro, do Seixal, de Lisboa, de Oeiras, e na generalidade da Área Metropolitana de Lisboa, estão a funcionar, para treinos, para todos os escalões etários. 
Os clubes de todos os concelhos da região a trabalhar – respeitando regras DGS, reitero – menos o concelho de Almada, onde as equipas jovens, ou estão paradas ou estão a treinar da forma como elucidam as fotos.
E em Almada não estão a funcionar porque, sendo municipais a maioria dos pavilhões, a Câmara entendeu que não os devia disponibilizar, para treino das equipas jovens, contra o que entende a DGS e mesmo contra o que entendem as Federações e as equipas técnicas competentes.
As cenas vistas nas fotos multiplicam-se no concelho.
Vários atletas de modalidades de pavilhão, cujas famílias já “desesperavam” optaram por levar os seus filhos para outros clubes, que já começaram a treinar: Vários atletas de basquetebol, acabam de inscreverem em clubes do Barreiro, do Seixal, de Lisboa, para que possam começar a treinar, abandonado assim os seus clubes no concelho de Almada. Clubes com enormes dificuldades, com baixa de atletas, desmoralizados. 
Modestamente entendemos que a situação atual não contribui para a retoma da confiança e para a necessária retoma de hábitos de vida saudáveis.
A situação também não ajuda os clubes, sem apoios relevantes para enfrentar este período pandémico.

A incompreensão campeia no panorama desportivo municipal.
É voz corrente, na região e no País, que Almada caiu em queda livre, no que diz respeito aos apoios de capital aos clubes desportivos. Mas essa situação tem a ver com opções políticas da atual administração municipal, que se podem considerar legítimas. Gravosas para os clubes, mas legítimas do ponto de vista da atual Câmara.
Ora, no plano técnico, como se justifica esta situação, em Almada?
Sabendo, que Almada tem – nos clubes e nas autarquias – equipas técnicas competentes, como não chega o conhecimento às instâncias decisórias? 
Estou certo que, dentro de dias, a Câmara irá resolver esta situação, é inevitável. 

Mas era preciso penalizar assim os clubes ?
Era preciso penalizar assim os atletas ?

Não era.

O que é que explica que, num concelho com tão elevado nível de qualificação de recursos humanos, com tão elevado nível de competências técnicas existentes em clubes e nas próprias equipas municipais, se continuem a suceder decisões camarárias sem fundamento e reveladoras de uma desconcertante falta de rumo.
O que justifica, num concelho com tanta gente que sabe tanto de Desporto, não se ccompreena qual o caminho por onde vamos?

A voz de uma mãe, Sandra Costa Ramos:
“Como mãe de um atleta do C. R. Sobredense sinto-me completamente indignada com a Câmara Municipal de Almada.
Os nossos atletas de Rugby escalões U6, U8, U10 e U12, todas as 2as, 4as e 6as, encontram-se a treinar num campo sem condições nenhumas, o problema nem é ser em terra, é nem sequer haver eletricidade, isto acontece apenas e só porque a C. M. Almada, continua à revelia do já indicado pela DGS e pela FPR (Federação Portuguesa de Rugby), não autorizar os treinos das nossas crianças na Pista de Atletismo da Sobreda, onde sempre treinaram...

Num ano tão complicado para todos nós, onde conseguimos que as crianças mantivessem o interessem pelo desporto, treinassem em casa via Zoom, que continuem a ir alegres e felizes agora aos treinos de novo com os amigos, praticarem o desporto que adoram, é assim que a C. M. Almada retribui?"

quinta-feira, 24 de setembro de 2020

De Costa Silva à administração municipal em Almada. Ou a falta de uma visão para o Desporto.

 


Do "paraministro" Costa Silva à administração municipal de Almada, a mesma falta de uma visão para o desporto.
Só que, Costa Silva, acolheu , na sequência da discussão pública sobre o Programa para a Recuperação Económica, pareceres que foram no sentido de incluir o Desporto nesse importante documento.

Será que no nosso concelho, a administração municipal está disponível para ouvir os cidadãos. Está disponível para auscultar os clubes, os seus dirigentes, os seus técnicos?


No Programa de recuperação económica para Portugal, o “paraministro” Costa Silva, não considera que o desporto tenha qualquer relevância ao ponto de nem o mencionar em todo o texto em que adianta os principais objetivos estratégicos para o desenvolvimento do País.

Na discussão pública registaram-se vários contributos. Dois deles convenceram Costa Silva:

- um programa de reabilitação de instalações desportivas de base local.

- a promoção da marca "Portugal no Desporto " tornando o País um destino pata o turismo desportivo com enfoque nos desportos náuticos e promovendo os 14 Centros de Alto Rendimento desportivo existentes.


Em Portugal temos uma gigantesca rede de equipamentos para as práticas associativas desportivas e/ou culturais, a maioria delas a necessitar de importantes investimentos em ações de restauro profundo e alteração tipológica, no sentido de as preparar para se ajustarem às exigências das novas práticas.

Articulada com um programa de financiamento efetivo das associações  com vista à criação de mais e melhores respostas ás necessidades das populações, esta medida – um programa de reabilitação de instalações desportivas de base local – permitiria a dinamização de um segmento intermédio de construção e o crescimento exponencial da oferta e da procura desportiva, com a consequente aumento da taxa de participação desportiva dos portugueses, a elevação dos seus níveis de saúde e a consequente diminuição da pressão sobre o Serviço Nacional de Saúde.

Alertado pelos portugueses, Costa Silva incorpora esta referência ao desporto no documento que vai balizar o desenvolvimento nacional até 2030. Esperamos agora que António Costa e o seu Governo – onde o Desporto não tem tido, até aqui, qualquer peso político significativo – incorpore agora, em programas específicos de financiamento ao desporto e aos clubes portugueses.

Em Almada, o governo municipal, por razões que não vêm ao caso discutir agora, não têm dispensado ao desporto concelhio qualquer prioridade minimamente mensurável. Como no País, em Almada, o desporto não tem tido, até aqui, qualquer peso político na governação municipal. Veja-se, de entre vários outros exemplos, o incompreensível corte de 50 % nos valores dos programas de fomento do desporto juvenil (Programa Escolinhas do desporto), a brutal quebra dos apoios concedidos para obras de beneficiação, conservação e construção de novas instalações desportivas, a partir de 2017.

Ora, é fundamental que a grande rede de infra estruturas desportivas do concelho – das quase 150 coletividades, aproximadamente uma centena são equipamentos que recebem atividade desportiva – seja objeto de um programa municipal que contemple a recuperação, refuncionalização de equipamentos, com modernização das tipologias e que, articulado com a expansão dos programas de fomento da atividade exercício físico e do desporto, em parceria com os clubes e tendo estes como agentes principais de desenvolvimento desportivo, permita ampliar largamente as atuais taxas de prática desportiva. Lembremos que o País tem uma taxa de praticantes de 27 %, Almada tem 37 %, mas a Europa central, aceite como uma referência possível de alcançar, a prazo, tem à volta de 60/70 % (Europa nórdica tem 80 % de praticantes).

Para alcançar esta dinamização – modernização das infraestruturas desportivas do concelho em relação com o aumento expressivo do número de praticantes desportivos – é fundamental contar com equipas técnicas de dimensão adequada e dotadas de forte capacitação técnica.
Costa Silva refere, para o País, o quanto é “crucial” a aposta na formação em todas as áreas de desenvolvimento embora, por razões que se compreendem, coloque à cabeça a área da transição digital. Não refere, mas acredito que o pressupõe que, num programa de dinamização da área desportiva, é “fundamental” a existência de bons níveis de capacitação para mais diversas áreas desportivas.

Ora, é dado conhecido que, em Almada, temos um bom nível geral de qualificação dos recursos humanos na área da educação física e do desporto. Temo-los nas escolas, nos clubes, nas autarquias.

Temos, pois, garantida uma condição fundamental de desenvolvimento. Temos técnicos e treinadores. Bons. Temos também dirigentes associativos, com uma entrega e uma dedicação aos seus clubes, que consideramos uma mais valia significativa no “sistema desportivo almadense”.

Temos, então, que resolver o problema do modelo de financiamento aos clubes. E esta dimensão, em Almada, não é o problema principal. Há robustez financeira no governo municipal, há um caminho feito, caminho onde se podem e devem introduzir as reorientações estratégicas que se considerarem necessárias, temos massa crítica no sistema desportivo e também no sistema educativo, onde um amplo grupo de profissionais de educação física também pode ser chamado a dar contributos para um futuro mais sustentável do desporto em Almada.

Não percamos tempo. Ao debate. Para já participemos no debate em curso, contribuindo para elaborar um RAP – Regulamento de Apoios Públicos, cuja discussão pública está a dias do seu términus.

Todos não somos de mais para encontrar as melhores soluções para o desporto na nossa terra.
Diálogo e convergência, precisa-se.

sábado, 5 de setembro de 2020

Almada Atlético Clube. Sobre a venda ao clube de um terreno municipal, em 2020. Um ponto de vista.



Almada Atlético Clube. Esclarecimento sobre a aquisição de terreno. A História.
Ponto por ponto.
O Almada A.C. pretende desenvolver um projeto de relançamento do clube, que passa pela construção de um novo equipamento desportivo que lhe permitirá obter um importante encaixe financeiro que irá viabilizar a requalificação geral do Estádio do Pragal e resolver um conjunto de passivos de relativa pouca monta mas que, ainda assim, o clube não tinha condições para resolver, sem o impulso financeiro que lhe adviria desta operação.
Apresentou à Câmara esse projeto, que, passando pela beneficiação geral do Complexo Desportivo do Pragal, prevê a ampliação das valências da oferta desportiva, com novas áreas de prática, para o que associaria um investidor, numa parceria de que resultariam fortes vantagens para o clube - o já referido encaixe financeiro - para cidade e para os cidadãos, num tipo de parceria que está em curso em vários concelhos, e de que refiro apenas dois exemplos, por serem mais próximos: no Galitos, no Barreiro, com aprovação da Câmara Municipal do Barreiro e no Ginásio Clube de Corroios, com a aprovação da Câmara Municipal do Seixal.
O projeto em referência passaria pela ocupação do terreno onde tem o seu campo nº 2, no Complexo Desportivo do Pragal, terreno que está cedido ao clube em direito de superfície por 75 anos.
Durante mais de 2 anos - na verdade quase 3 - o clube tentou resolver o dossier com a Câmara. Sem o conseguir.
Da Autarquia, ao fim de todo este tempo, o clube ouviu uma reiterada manifestação de recusa à autorização da operação que o clube propunha, para o que arguiu com a existência de pareceres jurídicos que a dificultam. Da Autarquia ouviu a proposta de que, ao clube, a Câmara apenas poderia vender-lhe o terreno. Era essa a proposta que a Câmara estava disposta a considerar.
Perante isto, o clube viu-se sem alternativa. Ou compra o terreno à Câmara ou nada feito. Assim, redigiu carta à Autarquia, “solicitando” que, então, lhe fosse vendido o terreno.
Nessa carta, “induzida” pela Autarquia, o Almada A.C. “requer” à Câmara Municipal que lhe seja vendido o terreno do campo nº 2 do Complexo desportivo do Pragal. Os serviços da Câmara Municipal calcularam o valor do terreno. Em sequência, foi apresentada à Câmara proposta de venda desse terreno ao Almada, por 300 000 euros.
Em reunião de Câmara, houve unanimidade na votação. Importava encerrar o dossier. O clube “requeria” a compra, os serviços informavam em conformidade, a Presidente apresenta a proposta de venda, a Câmara votava a favor, atenta a “manifestação expressa” do clube. Finalmente o assunto estava fechado. Com o aplauso de todos.
O dossier chegava ao fim, com uma solução que vai permitir ao clube avançar para o projeto de relançamento que tem delineado, embora com menos 300 000 euros que tem que pagar à Câmara.
Neste processo, a Presidente da Câmara entendeu não considerar a hipótese de autorizar a operação que o clube pretendia no terreno que ocupa. Com base em pareceres que tem, é certo. Por isso não propôs à Câmara essa possibilidade.
Ora a cedência gratuita de terrenos para este ou semelhantes empreendimentos, é uma prática corrente em todo o País e está a ser seguida aqui bem perto, no Barreiro, no Seixal – e seguramente com pareceres favoráveis dos respetivos serviços jurídicos – mas a Autarquia não a quis autorizar em Almada.
Nada contra a legitimidade entendimento que a Câmara teve. São claras e públicas as razões formais que o suportam.
Mas também é legítima a arguição que contrapõe uma outra solução.
À venda, o contraponto da cedência.
Reitero a ideia de que a cedência de terrenos a associações sem fins lucrativos, para o prosseguimento de fins relacionados com a sua missão estatutária, missão de manifesto interesse público, tem sido e consideramos que assim deveria continuar a ser, de cedência gratuita, como, de resto, o é na região e em todo o País. Desde que esteja acautelado o interesse público em presença, como era o caso.
Foi isto que pretendi colocar em debate público, aproveitando uma deliberação municipal inusitada no contexto das práticas autárquicas no nosso país.
Esta discussão, que creio vem enriquecer o debate democrático em torno de decisões municipais que dizem respeito aos clubes e instituições não lucrativas de serviço aos cidadãos, tem uma pertinência que só os menos informados não reconhecerão.
Debater esta matéria é um serviço que nos prestamos a todos e a cada um de nós.
Nesta matéria e em tantas outras ligadas aos nossos quotidianos comunitários, ninguém ganha com o unanimismo. Ganhamos todos com a pluralidade de entendimentos e com o debate que ela propicia.
E ganha Almada, em primeiro lugar.
Quanto ao Almada A.C. manifesto o meu desejo e a minha convicção que o clube vai, com o projeto a desenvolver, e com a vontade indomável dos seus dirigentes, continuar a escrever páginas de glória no livro da história do desporto almadense e no desporto nacional.
Honra e Glória ao Almada A.C.

 António Matos.

segunda-feira, 31 de agosto de 2020

O DESPORTO EM ALMADA PODE ENTRAR EM COMA


Os clubes e coletividades não encontram nos atuais dispositivos de financiamento público municipal os programas adequados ao apoio de que efetivamente precisam.

 Já são conhecidas as normas para a retoma da prática desportiva associada às competições. As modalidades de risco elevado e as modalidades de risco médio, onde se concentra o maior número de praticantes – futebol, basquetebol, andebol, entre outras – veem confirmadas as fortes restrições à retoma, com especial impacto nos escalões da formação, o que, de resto, se compreende, em face da necessidade de diminuir riscos nos mais jovens praticantes, onde mais difícil se torna o cumprimento rigoroso das normas.

No entanto, a não retoma das competições nos escalões de formação – até juniores – vai contribuir para a consolidação da forte interrupção de práticas desportivas que a pandemia originou. De acordo com a Pordata, em 2018, havia em Portugal 439 627 jovens a praticar desporto federado, sendo que 90% corresponde aos escalões jovens. Ora os clubes dependem das mensalidades dos atletas dos escalões jovens. Caindo esta fonte de receita, os clubes veem agravar fortemente as já difíceis condições de funcionamento dos últimos meses.

As circunstâncias que vivemos já tinham determinado a queda brutal das receitas da atividade desportiva. Há famílias que, na retoma, não terão condições financeiras para assegurar o pagamento das mensalidades. Haverá uma diminuição da procura dos serviços desportivos fornecidos pelos clubes e coletividades, por essa razão, aliada à falta de apelo de uma prática desportiva que não vai ter competição. Por outro lado, clubes veem aumentadas a suas despesas por via das exigências de criação de condições que permitam enfrentar a pandemia. O deficit alarga e aumenta. Clubes existirão que não terão condições para enfrentar esta fase.

Nós últimos dias, o presidente do Comité Olímpico de Portugal chamou a atenção para a necessidade de medidas suplementares que apoiem efetivamente os clubes a nível nacional. Esses apoios não estão a chegar. Urgem novos programas de apoio no plano nacional. Se tal não acontecer, será brutal a queda da prática da atividade desportiva em Portugal.

A nível local – exceção a poucas câmaras no país e várias juntas de freguesia, que no entanto se confrontam com as dificuldades próprias dos seus pequenos orçamentos – não estão a ser tomadas medidas de apoio destinadas a “segurar” o funcionamento dos clubes e garantir que conseguem prestar o apoio aos cidadãos praticantes e utentes dos seus programas.

Em Almada, concelho comummente considerado uma referência nacional de apoio às coletividades até 2017, fez aprovar na Câmara, uma medida de apoio, cujo normativo não podia estar mais distante das necessidades objetivas em presença. Conduziu à aprovação de 23 apoios no valor aproximado de 1000 euros a cada coletividade candidata. A maioria não concorreu sequer – o máximo que poderiam ter de apoio seriam 1400 euros, no caso de terem um orçamento anual superior a 2 milhões de euros. A maioria delas teria direito a pouco mais de 900 euros.

Assim, de um valor previsto para esta medida de 200.000 euros que a Câmara pensou afetar a esta medida, apenas foram gastos 26.000 euros, o que já era expectável, em face da completa desadequação do normativo aprovado para essa medida. Dinheiro a sobrar, onde era preciso apoiar.

Quanto às candidaturas dos clubes no âmbito do Regulamento Municipal de Apoio ao Movimentou Associativo, a Câmara veio a aprovar apoios a 57 candidaturas, correspondentes a pouco mais de 30 entidades, no valor total de 178.790 euros. Mas a maioria das coletividades e designadamente as principais coletividades do concelho não concorreu, o que não deixa de constituir um sério motivo de preocupação e de reflexão.

Quanto ao programa de apoio às Escolinhas do Desporto, no ano que seria necessário aumentar significativamente a atribuir aos clubes, veem confirmada a inconcebível decisão municipal de cortar para metade os apoios. E veem ainda a autarquia não aceitar a maioria das despesas tidas pelos clubes com as equipas de miúdos e jovens, aceitando apenas que as verbas concedidas sirvam só para pagar as taxas de inscrição das equipas. É ainda nesta fase que a Câmara Municipal de Almada exige a devolução de verbas que supostamente os clubes devem à Câmara, sob pena de não poderem concorrer a novos apoios.

Os clubes e coletividades não encontram nos atuais dispositivos de financiamento público municipal os programas adequados ao apoio que efetivamente precisam. Em concreto, não veem qualquer apoio específico para as grandes dificuldades com que se confrontam e que se relacionam com o arranque das atividades na época que vai começar.

É ainda em 2020 que a Câmara, iniciando uma prática inexistente na nossa região e ímpar no País, começa uma nova fase na sua relação com as Associações sem fins lucrativos, que é vender a essas associações os terrenos municipais que elas precisam para desenvolver as suas atividades de interesse público. Ou seja, as instituições passam a financiar a Câmara e não o contrário. Situação inédita, a marcar uma histórica inversão das práticas em uso nos nossos concelhos.

Em tempo de pandemia, é este o estado do nosso movimento associativo. Alertar para este risco de “coma” é uma exigência cívica. Este é o meu contributo.

 

domingo, 16 de agosto de 2020

ALMADA. CÂMARA ASSEGURA ARRELVAMENTO DE TODOS OS 7 CAMPOS DE FUTEBOL DO CONCELHO

 

Há 8 anos, poucos dias depois da celebração de contrato programa entre Câmara e Clube, avançavam as obras de construção do Relvado do campo de futebol do Charneca de Caparica Futebol Clube, o 7° e último a ser construído no âmbito de um audacioso programa municipal de arrelvamento de TODOS os campos do concelho de Almada e de construção de um Estádio Municipal.
Esta obra atinge o valor de 440 000 euros, financiados com 330 000 euros pela Câmara - 75 % ( a percentagem de referência nos financiamentos municipais em Almada até 2017).

O investimento da Câmara de Almada nesta operação "CAMPOS RELVADOS" atinge o valor aproximado de 2 000 000 euros, em poucos anos.
O Estádio Municipal José Martins Vieira, construído também neste tempo, custou 3 000 000 de euros.
Em poucos anos, 5 000 000 de euros na criação de melhores condições para a prática de futebol de 11.

É pouco? Muito?
É que era preciso ser feito, NAQUELES ANOS. Em cada dada tempo, o seu desafio, o seu desígnio, a obra que faz falta!

Até 2017, Almada assistia, ano após ano, ao forte e assumido financiamento da Câmara à construção de equipamentos desportivos desportivos, culturais, associativos.
A atual Câmara terminou com a política de apoio à construção de espaços dos clubes e coletividades. A última obra no concelho de Almada foi a da Associação de Moradores do Bairro de São João, Sobreda da Caparica, concluída no último mandato de 2013/2017, a qual será objeto de novo artigo, na "rentrée" informativa.

Mas hoje é o tempo de saudar, viva e calorosamente, todos quantos dão o melhor de si aos clubes de futebol, de felicitar as direções, de aplaudir as equipas técnicas e os atletas, de saudar as famílias, de desejar os maiores êxitos aos emblemas desportivos da nossa terra.

Hoje é um justo aplauso para a Charneca da Caparica.

sábado, 15 de agosto de 2020

EVOCANDO CAUSAS E VALORES, CELEBRAR A REVOLTA DOS MARINHEIROS DE 8 DE SETEMBRO DE 1936, EM ALMADA.



 

ANIVERSÁRIO DA REVOLTA DOS MARINHEIROS DE 1936

No próximo dia 8 de Setembro, ocorre o ANIVERSÁRIO DA REVOLTA DOS MARINHEIROS DE 1936, celebrado, desde há alguns anos, no nosso concelho, com a presença de altas individualidades da Marinha Portuguesa, em frente ao Monumento ao Marinheiro Insubmisso, no Feijó, evocando-se também o Dia Nacional da Praça das Forças Armadas.

Como homenagem aos Marinheiros Tarrafalistas da Revolta de 8 de setembro de 1936 foi instituído este dia como o Dia Nacional da Praça das Forças Armadas.

  
Como tem sido tradição nos últimos anos, a Associação de Praças e o Clube de Praças da Armada, com o apoio da Câmara Municipal de Almada e da União de Freguesias do Laranjeiro e Feijó, comemoram junto ao Monumento ao Marinheiro Insubmisso, na Praça Central do Centro Cívico do Feijó, junto ao edifício do Poder Local, no Feijó, o 81.º aniversário da «Revolta dos Marinheiros de 8 de setembro de 1936».

Inaugurado a 30 de maio de 2009, o Monumento ao Marinheiro Insubmisso, da autoria do escultor Rui Matos, homenageia os marinheiros da Armada Portuguesa que, a 8 de setembro de 1936, se revoltaram contra o regime, expressando o seu descontentamento e indignação pelas perseguições, prisões arbitrárias e expulsão daqueles que, no seio da Marinha, lutavam contra o Estado Novo.
 
Esta sublevação resultou na morte de cinco marinheiros e na condenação de 82, sendo que 34 destes foram enviados para o Tarrafal, em Cabo Verde.
 
No ano transato, o Clube de Praças de Armada apresentou à Câmara Municipal um pedido de apoio financeiro para a continuação da celebração desta data tão importante na história contemporânea portuguesa, designadamente na história da resistência. Tratava-se de um pequeno apoio – 560 euros - que, no entanto, permitiria uma participação nas despesas do evento, e facilitaria a elevação da dignidade que todos reconheceremos merecer esta data, e os valores de liberdade que ela evoca.

No ano transato, a Câmara de Almada não apoiou porque a candidatura não veio a reunir os requisitos necessários, segundo o entendimento da Câmara. Admito que terá sido com pena que os eleitos se viram na contingência de não apoiar esta iniciativa, pois tal proposta não foi sequer presente a reunião de Câmara porque a avaliação de mérito que sobre ela impendeu não o permitiu.

Passando em revista a ficha de avaliação elaborada para apurar o mérito da candidatura a um apoio municipal, contatamos o seguinte:

O projeto foi endereçado (!!!) a uma equipa técnica da área do desporto que, pelo que conheço - e conheço bem – é portadora de boa competência técnica desportiva e que, seguramente, terá avaliado (não posso nem quero ser definitivo nesta interpretação, tal o respeito e consideração que me merecem os técnicos em causa, que não menciono, porque tal não ser significativo para o caso)  o projeto à luz de critérios próprios do desenvolvimento desportivo e, assim, atribuiu as seguintes avaliações:

VEJAMOS:

EXEQUIBILIDADE: 0 em 15 pontos possíveis

IMPACTO NA VIDA COMUNIDADE: Sem impacto na vida da comunidade.  0 pontos em 15 possíveis

EQUILÍBRIO ORCAMENTAL E FONTES DE FINANCIAMENTO: 5 pontos em 10 possíveis.

ENQUADRAMENTO E ARTICULAÇÃO COM AS POLÍTICAS MUNICIPAIS: Não tem articulação com as Grandes Opções do Plano da Câmara Municipal. 0 pontos em 20 possíveis !!!

ENVOLVIMENTO LOCAL DA ENTIDADE: Sem evidência demonstrada. 0 pontos em 5 possíveis.

ANÁLISE DOS RESULTADOS DE APOIOS ANTERIORES. 0 pontos em 5 possíveis.

JUSTIFICAÇÃO E PRIORIDADE DA INICIATIVA. Sem alinhamento com as políticas municipais. 0 pontos em 20 possíveis

RELEVÂNCIA PARA O DESENVOLVIMENTO DA COMUNIDADE. 5 pontos em 20 possíveis.

TOTAL: 20 pontos. Uma das mais baixas avaliações até hoje atribuídas !!!

Ou seja, a celebração de uma efeméride importante na história recente de Portugal, tão significativa na história da resistência à ditadura, tão simbólica da forma como o povo português e os militares se foram opondo ao regime fascista, n
ão teve, no concelho de Abril, no concelho que tanto lutou pela liberdade, no concelho da Marinha, do Alfeite e do Arsenal como Almada é, não teve qualquer apoio por parte da Câmara Municipal, governo democrático do concelho. Um erro ? - errar é humano, sabemos - , um descuido? 

Mais, a Câmara considerou, no ano passado, que celebrar a revolta dos Marinheiros de 8 de Setembro de 1936, não tinha enquadramento com as políticas municipais, não tinha alinhamento com as políticas locais, não tinha impacto na vida da comunidade. Palavras do documento de avaliação. Não tinha ?!

Confiando que, eventualmente, poderão ter ocorrido procedimentos que, melhor ponderados em próxima oportunidade, poderão dar lugar a uma mais informada decisão municipal, publico este texto, para ajudar a melhor entender o "valor das coisas", a melhor percecionar a valia de uma iniciativa que poderia não parecer, mas foi - e será, por certo, quando voltar a ocorrer - um "evento que acrescenta" no plano da educação sobre a história local e sobre a história da resistência em Portugal.

Este ano, não tenho informação sobre a realização ou não desta celebração. Poderá ser difícil, no tempo pandémico que vivemos. E quando voltar a ocorrer, lá estaremos. A Câmara Municipal, as Juntas de Freguesia, as associações de armas, a marinha. Almada. Portugal.

Não havendo celebração, fica a recordação. Para que não se olvidem os valores que Abril cumpriu.









sábado, 8 de agosto de 2020

Talentos desportivos, sua fixação no concelho, condições de treino, desenvolvimento pessoal.

Almada tem um excelente campo de recrutamento. Densidade urbana - milhares de jovens -uma cultura local propiciadora de práticas desportivas, diversidade de ofertas, acesso à informação.

Almada tem boas condições físicas e materiais para a maioria das práticas desportivas. São conhecidas e amplamente usadas, a desenvolvida rede concelhia de INFRA-ESTRUTURAS DESPORTIVAS, municipais e de clubes.
Almada tem massa crítica, tem EQUIPAS TÉCNICAS com elevada qualidade geral, na maioria das modalidades desportivas.
Almada tem DIRIGENTES ASSOCIATIVOS dedicados, conhecedores e empenhados.
Almada tem as AUTARQUIAS que conhecemos. Da minha parte, não falarei sobre elas, sendo que, provavelmente, será necessário falar.
Almada tem uma tradição de PARTICIPAÇÃO DAS FAMÍLIAS no acompanhamento do percurso desportivo dos atletas jovens,  a qual desempenha um importante papel.
Almada poderá NÃO TER ENCONTRADO ainda um MODELO DE FINANCIAMENTO para o Sistema Desportivo Local, por razões diversas, que importa discutir, mas cuja necessidade se revela absoluta e crescentemente necessária.

Almada tem reunidas a maioria de condições e fatores que conduz a um franco desenvolvimento desportivo. Tanto assim, que:
Tem uma taxa de praticantes acima da media nacional. 37 %. O País tem 27 %.
Almada tem dado ao País e continua a dar, grandes campeões desportivos, em diversas modalidades. Alguns desenvolvem a sua carreira desportiva em Almada.
Mas, na maioria das modalidades, há uma evidente dificuldade em FIXAR no concelho, os valores, os talentos.
Porquê?
Desengane-se quem pensar que não é complexa a explicação.
Múltiplos são os fatores que estão na base dessa situação.

Adianto três destaques:
1 - Criação de condições que permitam fixar equipas técnicas de elevada valia. Polémico, reconheço. (Até porque já temos fixadas equipas técnicas em inúmeras modalidades, que aqui trabalham e vão continuar a trabalhar)

2 - Criação de um envelope financeiro mínimo a atribuir aos clubes que garantam um conjunto de requisitos de qualidade técnica para os seus atletas e equipas técnicas.

3 – Criação de uma ligação dos estabelecimentos de ensino a clubes de modalidades, ampliando os casos que, em número reduzido, é certo, têm tido sucesso no concelho e no País.

Muito haverá mais. Da minha parte fica para outro texto de reflexão.
 

 

sábado, 1 de agosto de 2020

ALMADA. CLUBES E ASSOCIAÇÕES RECLAMAM APOIOS EFETIVOS. DOS APOIOS (NÃO)CONCEDIDOS AOS APOIOS NECESSÁRIOS.

O tema central nas relações entre a Administração Pública e o movimento associativo desportivo e cultural é o da necessidade premente do reforço do apoio ao funcionamento deste último, no sentido de o ajudar a fazer face às grandes dificuldades que este período pandémico tem imposto às associações e que lhes colocam enormes dificuldades em continuar a garantir o acesso das populações a uma ampla gama de atividades comunitárias essenciais para as populações em geral e para as populações mais vulneráveis em especial.

(atividade física e desportiva, aulas de música, prática teatral, expressão artística, atividade musical filarmónica, práticas desportivas, ampla gama de eventos culturais e recreativos, campismo associativo, apoio social).


Destaque-se as exigências financeiras associadas à remuneração do pessoal remunerado, absolutamente essencial, quer para fazer funcionar as estruturas administrativas e logísticas básicas, quer também, e sobretudo, para as áreas técnicas especializadas, designadamente para as áreas de treino desportivo, para as funções de formação e direção artística, para o campo da coordenação técnica e serviços técnicos especializados.

Com o encerramento das instalações e a interrupção das atividades ou a fortíssima diminuição das mesmas, estamos perante uma quebra brutal das receitas relativas a mensalidades de utentes de programas desportivos e de participantes regulares em atividades culturais e formação, aulas de música, ballet, ginásticas, desportos coletivos e individuais

A maioria das associações e coletividades do nosso concelho não estão hoje a conseguir garantir as despesas correntes do funcionamento das suas estruturas e vão ter uma enorme dificuldade em ver reunidas as condições que lhes permitam, depois desta crise, relançarem as suas atividades para a próxima época. No recomeço das atividades, há portas encerradas que poderão já não abrir. No recomeço, há atividades que foram interrompidas, que correm efetivo risco de não ser reiniciadas.

Não será de mais tornar presentes os enormes problemas decorrentes do forte condicionamento das atividades associativas decorrentes da brutal quebra de receitas que clubes e coletividades registam, designadamente com:

fim das mensalidades de utentes de programas desportivos e culturais

fim dos alugueres de salas e pavilhões

encerramento de bares

a não utilização dos parques de campismo associativos

a diminuição dos serviços dos Bombeiros

atrasos no ressarcimento de verbas devidas às associações por parte dos serviços públicos.

 

Com vista a colaborar com as associações, a Câmara Municipal de Almada fez aprovar uma Medida Complementar de Apoio a Associações e Coletividades destinada a participar em despesas como:

Despesas com RH

Despesas de água, eletricidade, rendas e comunicações

Outros.

Esta medida de apoio, cujo normativo não podia estar mais distante das necessidades objetivas em presença, o que referimos em devido tempo, conduziu à aprovação de 23 apoios no valor aproximado de 1 000 euros a cada coletividade candidata, perfazendo um valor global, para todo o movimento associativo almadense de 26 000 euros. A maioria das coletividades não concorreu sequer – o máximo que poderiam ter de apoio seriam 1 400 euros, no caso de terem um orçamento anual superior a 2 000 000 de euros. A maioria delas, teria direito a pouco mais de 900 euros.

Assim, de um valor previsto para esta medida de 200 000 euros, apenas foram gastos 26 000 euros, o que já era expectável, em face da completa desadequação do normativo aprovado para essa medida. Dinheiro a sobrar, clubes a soçobrar.

 

Quanto ao RMAMA, Regulamento Municipal de Apoio ao Movimento Associativo, viu, na sua 1ª fase – Abri/Maio – serem rececionadas 68 candidaturas, tendo todas sido avaliadas de acordo com o normativo vigente. Destas, 11 candidaturas não obtiveram a pontuação mínima prevista para apoio, de acordo com normativo vigente.

Existiram 38 formulários que não foram concluídos, quatro dos quais por má instrução (falta de documentos), sendo que os restantes 34 correspondiam a 22 entidades que não cumprem os critérios de elegibilidade.

A Câmara veio a aprovar apoios a 57 candidaturas, correspondentes a pouco mais de 30 entidades, para Conservação/Beneficiação e Construção de Infraestrutura, Aquisição de Equipamentos e Viaturas e Apoio a Projetos/Eventos de Carácter Regular, no valor total de 178.790,00 € (cento e setenta e oito mil, setecentos e noventa euros). A maioria das coletividades e designadamente as principais coletividades do concelho não concorreu, o que não deixa de constituir um sério motivo de preocupação e de reflexão.


Ou seja, os clubes e coletividades não encontram nos atuais dispositivos de financiamento público municipal os programas adequados ao apoio que efetivamente precisam, no atual momento. Em concreto, os clubes não vêm qualquer apoio específico para as grandes e reais dificuldades com que se confrontam atualmente e que se relacionam com o ARRANQUE DAS ATIVIDADES, na nova época, que vai começar, designadamente:

Pagamento a equipas técnicas, a professores, Inscrições das equipas, inspeções médicas, seguros, transporte de equipas, ajuizamentos das competições.

 

Poderemos estar na eminência de assistir a uma queda brutal do número de praticantes desportivos e do número de utentes das diversas atividades culturais e de formação artística, em resultado da diminuição das condições financeiras das famílias, que as desabilitam de poder assumir o valor das mensalidades, com graves consequências no plano da saúde individual, rendimento nos estudos, equilíbrio financeiro dos clubes e associações.


 

Urge aprofundar o diálogo entre serviços públicos e autarquias, entre as equipas técnicas municipais e dirigentes associativos e mesmo equipas técnicas das associações, no sentido de melhor poder ser compreendida a natureza excecional dos problemas financeiros e funcionais das entidades concelhias sem fins lucrativos, em ordem a poder ser delineado um programa de apoio público municipal efetivamente ao serviço das associações e dos almadenses.

 

Os programas existentes não servem. Em todo o concelho se afirma e “corre à boca pequena” que "não há apoios da Câmara" para fazer frente às dificuldades reais e concretas do momento presente. 

 

Impõe-se a elaboração de outros programas de apoio. Programas que sirvam as associações e os clubes, os seus dirigentes, equipas técnicas, associados, atletas, utentes. E é tão fácil fazê-lo. Há dinheiro disponível e sobrante. Falta um exercício final de modéstia e audição de quem sabe, de quem está nos clubes e associações. E as equipas técnicas municipais, cheias de saber.

 

Tão fácil SABER. Falta só CONHECER. É apenas FAZER.



António Matos