O tema central nas relações entre a Administração Pública e o movimento associativo desportivo e cultural é o da necessidade premente do reforço do apoio ao funcionamento deste último, no sentido de o ajudar a fazer face às grandes dificuldades que este período pandémico tem imposto às associações e que lhes colocam enormes dificuldades em continuar a garantir o acesso das populações a uma ampla gama de atividades comunitárias essenciais para as populações em geral e para as populações mais vulneráveis em especial.
(atividade física e desportiva, aulas de música, prática teatral, expressão
artística, atividade musical filarmónica, práticas desportivas, ampla gama de
eventos culturais e recreativos, campismo associativo, apoio social).
Destaque-se
as exigências financeiras associadas à remuneração do pessoal remunerado, absolutamente
essencial, quer para fazer funcionar as estruturas administrativas e logísticas
básicas, quer também, e sobretudo, para as áreas técnicas especializadas, designadamente
para as áreas de treino desportivo, para as funções de formação e direção
artística, para o campo da coordenação técnica e serviços técnicos
especializados.
Com o encerramento das instalações e a interrupção das atividades ou a fortíssima diminuição das mesmas, estamos perante uma quebra brutal das receitas relativas a mensalidades de utentes de programas desportivos e de participantes regulares em atividades culturais e formação, aulas de música, ballet, ginásticas, desportos coletivos e individuais
A maioria das associações e coletividades do nosso concelho não estão hoje a conseguir garantir as despesas correntes do funcionamento das suas estruturas e vão ter uma enorme dificuldade em ver reunidas as condições que lhes permitam, depois desta crise, relançarem as suas atividades para a próxima época. No recomeço das atividades, há portas encerradas que poderão já não abrir. No recomeço, há atividades que foram interrompidas, que correm efetivo risco de não ser reiniciadas.
Não será de mais tornar presentes os enormes problemas decorrentes do forte condicionamento das atividades associativas decorrentes da brutal quebra de receitas que clubes e coletividades registam, designadamente com:
fim
das mensalidades de utentes de programas desportivos e culturais
fim
dos alugueres de salas e pavilhões
encerramento
de bares
a não utilização
dos parques de campismo associativos
a diminuição
dos serviços dos Bombeiros
atrasos
no ressarcimento de verbas devidas às associações por parte dos serviços
públicos.
Com vista a colaborar com as associações, a Câmara Municipal de Almada fez aprovar uma Medida Complementar de Apoio a Associações e Coletividades destinada a participar em despesas como:
Despesas
com RH
Despesas
de água, eletricidade, rendas e comunicações
Outros.
Esta medida de apoio, cujo normativo não podia estar mais distante das necessidades objetivas em presença, o que referimos em devido tempo, conduziu à aprovação de 23 apoios no valor aproximado de 1 000 euros a cada coletividade candidata, perfazendo um valor global, para todo o movimento associativo almadense de 26 000 euros. A maioria das coletividades não concorreu sequer – o máximo que poderiam ter de apoio seriam 1 400 euros, no caso de terem um orçamento anual superior a 2 000 000 de euros. A maioria delas, teria direito a pouco mais de 900 euros.
Assim,
de um valor previsto para esta medida de 200 000 euros, apenas foram gastos
26 000 euros, o que já era expectável, em face da completa desadequação do
normativo aprovado para essa medida. Dinheiro a sobrar, clubes a soçobrar.
Quanto ao RMAMA, Regulamento Municipal de Apoio ao Movimento Associativo, viu, na sua 1ª fase – Abri/Maio – serem rececionadas 68 candidaturas, tendo todas sido avaliadas de acordo com o normativo vigente. Destas, 11 candidaturas não obtiveram a pontuação mínima prevista para apoio, de acordo com normativo vigente.
Existiram
38 formulários que não foram concluídos, quatro dos quais por má instrução
(falta de documentos), sendo que os restantes 34 correspondiam a 22 entidades
que não cumprem os critérios de elegibilidade.
A Câmara veio
a aprovar apoios a 57 candidaturas, correspondentes
a pouco mais de 30 entidades, para Conservação/Beneficiação e Construção de
Infraestrutura, Aquisição de Equipamentos e Viaturas e Apoio a Projetos/Eventos
de Carácter Regular, no valor total de 178.790,00
€ (cento e setenta e oito mil, setecentos e noventa euros). A maioria das
coletividades e designadamente as principais coletividades do concelho não
concorreu, o que não deixa de constituir um sério motivo de preocupação e de
reflexão.
Ou seja, os
clubes e coletividades não encontram nos atuais dispositivos de financiamento
público municipal os programas adequados ao apoio que efetivamente precisam, no
atual momento. Em concreto, os clubes não vêm qualquer apoio específico para as
grandes e reais dificuldades com que se confrontam atualmente e que se
relacionam com o ARRANQUE DAS ATIVIDADES, na nova época, que vai começar,
designadamente:
Pagamento a equipas técnicas, a
professores, Inscrições das equipas, inspeções médicas, seguros, transporte de
equipas, ajuizamentos das competições.
Poderemos estar na eminência de assistir
a uma queda brutal do número de praticantes desportivos e do número de utentes
das diversas atividades culturais e de formação artística, em resultado da diminuição
das condições financeiras das famílias, que as desabilitam de poder assumir o
valor das mensalidades, com graves consequências no plano da saúde individual,
rendimento nos estudos, equilíbrio financeiro dos clubes e associações.
Urge aprofundar o diálogo entre serviços
públicos e autarquias, entre as equipas técnicas municipais e dirigentes
associativos e mesmo equipas técnicas das associações, no sentido de melhor
poder ser compreendida a natureza excecional dos problemas financeiros e
funcionais das entidades concelhias sem fins lucrativos, em ordem a poder ser
delineado um programa de apoio público municipal efetivamente ao serviço das
associações e dos almadenses.
Os programas existentes não servem. Em
todo o concelho se afirma e “corre à boca pequena” que "não há apoios da Câmara" para fazer frente às dificuldades reais e concretas do momento presente.
Impõe-se a elaboração de outros programas de apoio. Programas
que sirvam as associações e os clubes, os seus dirigentes, equipas técnicas, associados,
atletas, utentes. E é tão fácil fazê-lo. Há dinheiro disponível e sobrante. Falta um exercício final de modéstia e audição de quem sabe, de quem está nos clubes e
associações. E as equipas técnicas municipais, cheias de saber.
Tão fácil SABER. Falta só CONHECER. É
apenas FAZER.
António Matos
As equipas técnicas municipais, cheias de saber, estão sufocadas por directivas superiores. Não usam o seu saber sob pena de???
ResponderEliminarDo que conheço, as equipas técnicas municipais são portadoras de boa competência técnica. Dos vários que conheço, sou testemunha de saberes e de disponibilidade para o serviço municipal. E são disponíveis para o diálogo permanente com os dirigentes dos clubes, de que têm longa experiência, como seguramente poderão confirmar os clubes da nossa terra.
ResponderEliminarDos novos dirigentes, não conheço práticas - com exceção do Hugo, que conheço do Barreiro e tenho dele boa conta - e interrogo-me como é que se tem cortado apoios. Dou um exemplo, o corte de 50 % nos apoios às escolinhas de desporto. Incompreensível. Os técnicos que eu conheço não estarão de acordo com uma decisão destas.
Mas, a verdade é que não se compreende como
(Cont.)
ResponderEliminarMas a verdade é que não se compreende a aprovação de cortes como este.
Olá boa tarde, quanto à nossa situação é complicada porque ao apresentar a candidatura temos de entregar o relatório de contas e mesmo com esta dificuldade nós temos saldo positivo nas nossas contas, e as despesas maiores são o IMI 1.500.00€ e o seguro 400.00€. Na ultima candidatura nem sequer consegui inscrever a Associação na Plataforma da Câmara. No próximo ano vamos tentar regularizar a documentação e pedir uma nova avaliação às finanças para tentar baixar o IMI. Um Abraço. Por cá tudo bem. Ventura
ResponderEliminarMuito bem, Ventura.
EliminarAbraço.
Boa noite,
ResponderEliminarAssisto, à distância, aos relatos das dificuldades vividas pelas colectividades do Concelho.
A crise pandémica que fez disparar, ainda mais, a crise financeira e social das Instituições culturais e desportivas. Ao ler o seu texto, subscrevo na íntegra e aproveito para deixar o meu testemunho pela minha passagem no movimento associativo. No inicio do milénio, fui dirigente do Almada Atlético Clube e, também, nessa altura se vivia uma crise económica no nosso País. A prática do desporto, ao nível da formação, era gratuita, ou seja os Pais não tinham que pagar para os filhos praticarem desporto, o que fazia com que não existisse essa fonte de receita nas colectividades. Da parte da Edilidade de Almada sempre houve uma forte cooperação no combate às dificuldades, havia dialogo constante, havia vontade e preocupação para o progresso e bem estar das colectividades. Infelizmente, "havia" pertence ao tempo pretérito imperfeito do indicativo do verbo "haver", ou seja, é passado. Bem haja pelo seu contributo como autarca, pelo seu profissionalismo e o SABER !!
Cumprimentos,
Fernando Paixão
Boa Tarde, Fernando Paixão.
ResponderEliminarObrigado pelas palavras.
Bem haja e à sua família pela relevante contribuição para o desenvolvimento desportivo do concelho e. em particular, do Almada A.C.
Cumprimentos de consideração.
António Matos
É mais do mesmo: desfasamento das realidades, desconhecimento das necessidades, negligência preguiçosa e maldosa. Vale tudo, desde que seja fazer ao contrário do que fez a CDU.
ResponderEliminarSem dúvida, Nuno.
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