ANIVERSÁRIO
DA REVOLTA DOS MARINHEIROS DE 1936
No
próximo dia 8 de Setembro, ocorre o ANIVERSÁRIO DA REVOLTA DOS MARINHEIROS DE
1936, celebrado, desde há alguns anos, no nosso concelho, com a presença de
altas individualidades da Marinha Portuguesa, em frente ao Monumento ao
Marinheiro Insubmisso, no Feijó, evocando-se também o Dia Nacional da Praça das
Forças Armadas.
Como homenagem aos Marinheiros Tarrafalistas da Revolta de 8 de setembro de 1936 foi instituído este dia como o Dia Nacional da Praça das Forças Armadas.
Como tem sido tradição nos últimos anos, a Associação de Praças e o Clube de
Praças da Armada, com o apoio da Câmara Municipal de Almada e da União de
Freguesias do Laranjeiro e Feijó, comemoram junto ao Monumento ao Marinheiro
Insubmisso, na Praça Central do Centro Cívico do Feijó, junto ao edifício do
Poder Local, no Feijó, o 81.º aniversário da «Revolta dos Marinheiros de 8
de setembro de 1936».
Inaugurado a 30 de maio de 2009, o Monumento ao Marinheiro Insubmisso, da
autoria do escultor Rui Matos, homenageia os marinheiros da Armada Portuguesa
que, a 8 de setembro de 1936, se revoltaram contra o regime, expressando o seu
descontentamento e indignação pelas perseguições, prisões arbitrárias e
expulsão daqueles que, no seio da Marinha, lutavam contra o Estado Novo.
Esta sublevação resultou na morte de cinco marinheiros e na condenação de 82,
sendo que 34 destes foram enviados para o Tarrafal, em Cabo Verde.
No ano transato, o Clube de Praças de Armada apresentou à Câmara Municipal um
pedido de apoio financeiro para a continuação da celebração desta data tão
importante na história contemporânea portuguesa, designadamente na história da
resistência. Tratava-se de um pequeno apoio – 560 euros - que, no entanto,
permitiria uma participação nas despesas do evento, e facilitaria a elevação da
dignidade que todos reconheceremos merecer esta data, e os valores de liberdade
que ela evoca.
No
ano transato, a Câmara de Almada não apoiou porque a candidatura não veio a
reunir os requisitos necessários, segundo o entendimento da Câmara. Admito que terá sido com pena que os eleitos se viram na contingência de não apoiar esta iniciativa, pois tal proposta não foi sequer presente a reunião de Câmara porque a avaliação de mérito que sobre ela impendeu não o permitiu.
Passando
em revista a ficha de avaliação elaborada para apurar o mérito da candidatura a
um apoio municipal, contatamos o seguinte:
O projeto
foi endereçado (!!!) a uma equipa técnica da área do desporto que, pelo que conheço -
e conheço bem – é portadora de boa competência técnica desportiva e que, seguramente,
terá avaliado (não posso nem quero ser definitivo nesta interpretação, tal o respeito e consideração que me merecem os técnicos em causa, que não menciono, porque tal não ser significativo para o caso) o projeto à luz de critérios próprios do desenvolvimento desportivo
e, assim, atribuiu as seguintes avaliações:
VEJAMOS:
EXEQUIBILIDADE:
0 em 15 pontos possíveis
IMPACTO
NA VIDA COMUNIDADE: Sem impacto na vida da comunidade. 0 pontos em 15 possíveis
EQUILÍBRIO
ORCAMENTAL E FONTES DE FINANCIAMENTO: 5 pontos em 10 possíveis.
ENQUADRAMENTO
E ARTICULAÇÃO COM AS POLÍTICAS MUNICIPAIS: Não tem articulação com as Grandes Opções
do Plano da Câmara Municipal. 0 pontos em 20 possíveis !!!
ENVOLVIMENTO
LOCAL DA ENTIDADE: Sem evidência demonstrada. 0 pontos em 5 possíveis.
ANÁLISE
DOS RESULTADOS DE APOIOS ANTERIORES. 0 pontos em 5 possíveis.
JUSTIFICAÇÃO
E PRIORIDADE DA INICIATIVA. Sem alinhamento com as políticas municipais. 0 pontos em
20 possíveis
RELEVÂNCIA
PARA O DESENVOLVIMENTO DA COMUNIDADE. 5 pontos em 20 possíveis.
TOTAL:
20 pontos. Uma das mais baixas avaliações até hoje atribuídas !!!
Ou seja, a celebração de uma efeméride importante na história recente de
Portugal, tão significativa na história da resistência à ditadura, tão simbólica
da forma como o povo português e os militares se foram opondo ao regime
fascista, não teve,
no concelho de Abril, no concelho que tanto lutou pela liberdade, no concelho
da Marinha, do Alfeite e do Arsenal como Almada é, não teve qualquer apoio por parte da Câmara Municipal, governo democrático do concelho. Um erro ? - errar é humano, sabemos - , um descuido?
Mais, a Câmara considerou, no ano passado, que celebrar a revolta dos Marinheiros de 8 de Setembro de 1936, não tinha enquadramento com as políticas municipais, não tinha alinhamento com as políticas locais, não tinha impacto na vida da comunidade. Palavras do documento de avaliação. Não tinha ?!
Confiando que, eventualmente, poderão ter ocorrido procedimentos que, melhor ponderados em próxima oportunidade, poderão dar lugar a uma mais informada decisão municipal, publico este texto, para ajudar a melhor entender o "valor das coisas", a melhor percecionar a valia de uma iniciativa que poderia não parecer, mas foi - e será, por certo, quando voltar a ocorrer - um "evento que acrescenta" no plano da educação sobre a história local e sobre a história da resistência em Portugal.
Este ano, não tenho informação sobre a realização ou não desta celebração. Poderá ser difícil, no tempo pandémico que vivemos. E quando voltar a ocorrer, lá estaremos. A Câmara Municipal, as Juntas de Freguesia, as associações de armas, a marinha. Almada. Portugal.
Não havendo celebração, fica a recordação. Para que não se olvidem os valores que Abril cumpriu.
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