Do "paraministro" Costa Silva à administração municipal de Almada, a mesma falta de uma visão para o desporto.
Só que, Costa Silva, acolheu , na sequência da discussão pública sobre o Programa para a Recuperação Económica, pareceres que foram no sentido de incluir o Desporto nesse importante documento.
Será que no nosso concelho, a administração municipal está disponível para ouvir os cidadãos. Está disponível para auscultar os clubes, os seus dirigentes, os seus técnicos?
No Programa de recuperação económica para Portugal, o “paraministro”
Costa Silva, não considera que o desporto tenha qualquer relevância ao ponto de
nem o mencionar em todo o texto em que adianta os principais objetivos estratégicos
para o desenvolvimento do País.
Na discussão pública registaram-se vários contributos. Dois deles convenceram
Costa Silva:
- um programa de reabilitação de instalações desportivas de
base local.
- a promoção da marca "Portugal no Desporto "
tornando o País um destino pata o turismo desportivo com enfoque nos desportos
náuticos e promovendo os 14 Centros de Alto Rendimento desportivo existentes.
Em Portugal temos uma gigantesca rede de equipamentos para as práticas associativas
desportivas e/ou culturais, a maioria delas a necessitar de importantes
investimentos em ações de restauro profundo e alteração tipológica, no sentido
de as preparar para se ajustarem às exigências das novas práticas.
Articulada com um programa de financiamento efetivo das
associações com vista à criação de mais
e melhores respostas ás necessidades das populações, esta medida – um programa
de reabilitação de instalações desportivas de base local – permitiria a
dinamização de um segmento intermédio de construção e o crescimento exponencial
da oferta e da procura desportiva, com a consequente aumento da taxa de participação
desportiva dos portugueses, a elevação dos seus níveis de saúde e a consequente
diminuição da pressão sobre o Serviço Nacional de Saúde.
Alertado pelos portugueses, Costa Silva incorpora esta
referência ao desporto no documento que vai balizar o desenvolvimento nacional até
2030. Esperamos agora que António Costa e o seu Governo – onde o Desporto não
tem tido, até aqui, qualquer peso político significativo – incorpore agora, em
programas específicos de financiamento ao desporto e aos clubes portugueses.
Em Almada, o governo municipal, por razões que não vêm ao
caso discutir agora, não têm dispensado ao desporto concelhio qualquer
prioridade minimamente mensurável. Como no País, em Almada, o desporto não tem
tido, até aqui, qualquer peso político na governação municipal. Veja-se, de
entre vários outros exemplos, o incompreensível corte de 50 % nos valores dos
programas de fomento do desporto juvenil (Programa Escolinhas do desporto), a
brutal quebra dos apoios concedidos para obras de beneficiação, conservação e construção
de novas instalações desportivas, a partir de 2017.
Ora, é fundamental que a grande rede de infra estruturas
desportivas do concelho – das quase 150 coletividades, aproximadamente uma
centena são equipamentos que recebem atividade desportiva – seja objeto de um
programa municipal que contemple a recuperação, refuncionalização de
equipamentos, com modernização das tipologias e que, articulado com a expansão
dos programas de fomento da atividade exercício físico e do desporto, em
parceria com os clubes e tendo estes como agentes principais de desenvolvimento
desportivo, permita ampliar largamente as atuais taxas de prática desportiva.
Lembremos que o País tem uma taxa de praticantes de 27 %, Almada tem 37 %, mas
a Europa central, aceite como uma referência possível de alcançar, a prazo, tem
à volta de 60/70 % (Europa nórdica tem 80 % de praticantes).
Para alcançar esta dinamização – modernização das infraestruturas
desportivas do concelho em relação com o aumento expressivo do número de
praticantes desportivos – é fundamental contar com equipas técnicas de dimensão
adequada e dotadas de forte capacitação técnica.
Costa Silva refere, para o País, o quanto é “crucial” a aposta na formação em
todas as áreas de desenvolvimento embora, por razões que se compreendem,
coloque à cabeça a área da transição digital. Não refere, mas acredito que o
pressupõe que, num programa de dinamização da área desportiva, é “fundamental”
a existência de bons níveis de capacitação para mais diversas áreas desportivas.
Ora, é dado conhecido que, em Almada, temos um bom nível
geral de qualificação dos recursos humanos na área da educação física e do
desporto. Temo-los nas escolas, nos clubes, nas autarquias.
Temos, pois, garantida uma condição fundamental de
desenvolvimento. Temos técnicos e treinadores. Bons. Temos também dirigentes
associativos, com uma entrega e uma dedicação aos seus clubes, que consideramos
uma mais valia significativa no “sistema desportivo almadense”.
Temos, então, que resolver o problema do modelo de financiamento
aos clubes. E esta dimensão, em Almada, não é o problema principal. Há robustez
financeira no governo municipal, há um caminho feito, caminho onde se podem e
devem introduzir as reorientações estratégicas que se considerarem necessárias,
temos massa crítica no sistema desportivo e também no sistema educativo, onde um
amplo grupo de profissionais de educação física também pode ser chamado a dar
contributos para um futuro mais sustentável do desporto em Almada.
Não percamos tempo. Ao debate. Para já participemos no debate
em curso, contribuindo para elaborar um RAP – Regulamento de Apoios Públicos, cuja
discussão pública está a dias do seu términus.
Todos não somos de mais para encontrar as melhores soluções
para o desporto na nossa terra.
Diálogo e convergência, precisa-se.
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