SOBRE A GESTÃO DE PESSOAL NÃO DOCENTE DAS ESCOLAS PÚBLICAS
Breve nota
1 - Os problemas de pessoal auxiliar nas escolas é assunto de
antanho, não só de hoje nem de ontem. Breve nota
Com a explosão do acesso à escola pública depois do 25 de Abril, assistiu-se a
um crescimento do parque escolar com novas e melhores escolas. O crescimento e
qualificação do corpo docente não foi acompanhado do crescimento do corpo de
pessoal auxiliar, que se manteve estacionário e constituído por funcionários de
um nível etário avançado e com uma dimensão que não tem crescido na razão direta
do aumento do número de alunos, com um crescimento baseado em tímidas autorizações
de recrutamento e em autorizações de contratação em regime de “horas”.
Apesar da contínua reafirmação das necessidades de mais pessoal por parte das Direções das escolas, não tem sido possível sair da situação de crónico déficit dos quadros de pessoal em que se tem vivido, independentemente das soluções governativas de que o país tem sido dotado.
Apesar da contínua reafirmação das necessidades de mais pessoal por parte das Direções das escolas, não tem sido possível sair da situação de crónico déficit dos quadros de pessoal em que se tem vivido, independentemente das soluções governativas de que o país tem sido dotado.
Recentemente, a atual equipa governativa procedeu a
alterações legislativas que se traduziram em alterações de rácio que viriam, em
princípio, a permitir contratar mais pessoal e dotar as escolas com um nível de
cobertura em pessoal que faria melhorar a situação. No entanto, essas modificações
legislativas, não só não deram lugar às suficientes autorizações para admissões
de pessoal, como as poucas admissões entretanto concretizadas não se fizeram
sentir, de forma minimamente significativa, no funcionamento das escolas.
2 - É minha convicção que esta situação de carência vai continuar.
O Governo irá, estou convicto, manter a situação até 2021, ano em que a
responsabilidade com a gestão de pessoal não docente passará para as autarquias
locais portuguesas. Então, a partir de 2021, passarão as Câmaras Municipais a
lidar com o problema e, ao nível local, a ter de o resolver.
Os pedidos permanentes de pessoal que as Direções escolares endereçam à 5 de
Outubro passarão a ser remetidos aos Paços do Concelho.
3 - A questão que se coloca
é a de saber se, nos Municípios, haverá mais competência, capacidade, vontade e
dinheiro para resolver esta falta de pessoal de que, há anos, todos se queixam.
Estou certo que as Câmaras, porque mais perto e conhecedores das situações vividas
nas escolas do seu concelho, tudo farão para melhorar a situação – a ser
verdade, como sabemos que é, que terão competência e vontade para tal – se tiverem
capacidade e dinheiro. E terão? Terão, de forma semelhante, nos vários
concelhos independentemente das condições organizacionais e financeiras de cada
Município? Não se assistirá, então, ao aprofundamento das desigualdades entre as
escolas de cada concelho por força de diferentes práticas de gestão do sistema
educativo por parte de cada Câmara Municipal?
E preciso debater com quem está no terreno, e em primeiro lugar com os profissionais de ensino e diretores escolares. E, aqui chegados, coloca-se uma questão que as práticas dos sistemas educativos melhor sucedidos provou ser da maior importância: a autonomia escolar.
O debate do momento releva como central, di-lo a agenda governativa da República, a questão da “descentralização” para as Câmaras Municipais das responsabilidades em matéria de educação.
5 - Contraponho, que a questão a recuperar para atualidade do
debate é a da autonomia escolar.
Uma autonomia que confira poderes às escolas e à suas
direções para uma gestão mais eficiente, com mais recursos à sua disposição. As
direções das nossas escolas já provaram, ao resolver candentes problemas com
que a gestão do sistema se tem confrontado ao longo de mais de uma geração de
gestão escolar, que estão preparadas para serem chamadas para o centro da
resolução dos problemas de pessoal, se forem dotados de capacidade para tal.
6 - Da mesma maneira que, pese embora a vontade da governação, não tem sido
possível resolver os problemas de gestão de recursos humanos e de recursos
materiais do sistema educativo a partir da “5 de Outubro”, também não será
possível resolver esses problemas a partir dos “Paços do Concelho”, se não se
alterarem as metodologias, e não se integrarem com responsabilidades e meios
acrescidos as escolas, os seus profissionais e os seus representantes.
Mais pessoal, urgente e necessário. Pela escola pública. Pelas nossas crianças e jovens. Pelo nosso futuro.
Sem comentários:
Enviar um comentário